sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Porque não devemos usar leite de origem animal


Geralmente as pessoas pensam que ao se tornarem vegetarianas estão fazendo tudo que podem pelos animais e pelo movimento de libertação destes. Porém sempre há algo a ser feito, hábitos a serem reconsiderados e atos que podem incrementar nossa militância.
Deixar de usar produtos de origem animal, na medida do possível é uma maneira de tornar seu vegetarianismo mais ativo, aceso e potente. A maior parte das pessoas não vê mal algum em usar leite e produtos derivados deste alimento de origem animal. Porém se você 'escrafunchar' bem para saber como nos dias de hoje o leite é produzido, como as vacas leiteiras e seus bezerros são tratados, é impossível não compreender como a produção de leite está estreitamente ligada à da carne, subvencionando-a muitas vezes.

Por causa disso e, cansada de ter que explicar para as pessoas, eu decidi realizar este post que foi resumido do excelente livro 'ANIMAL LIBERATION' de Peter Singer e que trata deste assunto com seriedade e eficácia. Para quem não sabe, Peter Singer é um consagrado e reconhecido filósofo australiano, titular da cadeira de ética da Universidade de Princeton, e professor da Universidade de Melbourne, na Austrália.



O PROBLEMA DO LEITE E DOS BEZERROS


Resumo do livro Animal Liberation de Peter Singer

Normalmente se pensa que não se precisa machucar a vaca para retirar seu leite. A verdade é que não é lucrativo manter as vacas vivas uma vez que sua produção de leite diminui. Assim, o consumo humano de laticínios leva diretamente ao massacre de vacas.

Muitas das fábricas de laticínios confinam suas vacas em galpões pela maior parte de suas vidas.

Só nos EUA, em 1960, uma vaca produzia em média 3,5 toneladas de leite por ano. Em 1990 elas produzem 7,4 toneladas e agora 8,2 toneladas graças ao uso do Hormônio de Crescimento Bovino (BGH/BST), que causa mastite (inflamação e infecção da mama).

Como as vacas precisam gerar para lactar, o consumo do leite de vaca cria o mercado de vitela (bezerros), ou Baby Beef. As vitelas machos são criados de forma lucrativa para o mercado de corte, e abatidas com poucas semanas e às vezes horas de vida. 

Com um ou dois dias de nascidos, são tirados de suas mães e, com fome e com medo pela ausência da mãe em um lugar estranho, são trasportados para os abatedouros. Obviamente, ambos sofrem a falta um do outro.

Para manter a carne branca e macia, as vitelas são alimentadas com uma dieta pobre em ferro e mantidas deliberadamente anêmicas. Além disso, com tão poucos dias de nascidos, esses bezerros sentem uma urgência muito grande de mamar. Com isso, as vitelas lambem todos os utensílios, partes do seu cercado e barras de ferro ao seu alcance, numa atitude instintiva e desesperada do organismo em obter esse nutriente. Os bovinocultores, para evitar esse "problema", constroem os cercados com madeira.



Os cercados são construídos para possibilitar o mínimo de movimentos. No início, as vitelas recebem uma algema no pescoço até crescer o suficiente para não conseguirem mais se virar no espaço de seu cativeiro, pois qualquer exercício vai desenvolver os músculos, deixando a carne do bezerro endurecida e diminuindo o valor de venda. Além do exercício, a algema impede o bezerro, que normalmente não se interessa pela sua própria urina e fezes, de buscar o ferro de que necessita ingerindo esses excrementos.

O cercado da vitela é inclinado para facilitar a limpeza e o chão é de madeira ou cimento, sem nenhuma forragem porque a vitela então comeria a palha, tornando sua carne vermelha, que é indesejável. Assim, é comum a ocorrência de problemas digestivos e de intestino nos bezerros devido à falta de fibras.
A vitela em um ambiente natural começa a comer capim bem cedo, e em alguns casos, no dia seguinte ao nascimento. Nas fazendas, porém, as vitelas só recebem ração líquida com leite em pó desnatado, vitaminas, minerais e drogas promotoras de crescimento. Não podem, portanto, ruminar. Assim, a vitela não tem a satisfação de poder ruminar e nem pode
mamar de sua mãe.




A temperatura nos galpões é mantida alta para causar sede e obrigar os bezerros a tomarem a ração líquida para engordarem o mais rápido e lucrativamente possível. Não é fornecida a água.

Com exceção dos 20 minutos diários gastos na atividade de beber a ração líquida, os bezerros não têm nada para fazer e adquirem um comportamento repetitivo:  rangendo os dentes, sacudindo a cauda, balançando a língua para fora. Para reduzir esse problema, os bovinocultores desligam as luzes por mais de 22 horas por dia.

As doenças se multiplicam mais nesses galpões escuros, mas não o suficiente para matar o bezerro antes de ser abatido.É comum que uma vitela em cada lote de 10 nao sobreviva até a 15a semana de confinamento.
Depois de 13 a 15 semanas, as vitelas são abatidas.

Tradução: Fernando Mendes  


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